A primeira vez que a gente morre é sofrido, a gente estranha é doído. É como entrar pela primeira vez no mar, mesma sabendo nadar, gostando de molhar o corpo só pra deixar o sol secar. Ainda assim, a gente entra devagarinho, molha um pé, depois o outro, sente a diferença de temperatura, vai caminhando pro fundo. Vem uma onda, bate e quebra no umbigo, a água desce e volta a ondular nas pernas, a gente dá mais um passo, segue pro fundo. Vem outra onda mais forte, agora quebra no peito, a gente arrepia a espinha e a água desce. O sal começa na pela a grudar, a gente respira, nem vê a onda passar. Nos derruba e acontece o primeiro gole de mar. Quando a gente morre é assim, sempre acontece o primeiro gole de mar, a gota que nomeia o sentido de amar. Mas a gente as vezes finge, morre sem saber, sem nem querer lembrar e esquece abraçar oque nos bate a porta nos chamando transformar.
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