quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.


                                                                          Photo by Daniele Eckstein

Dia 22

Quando eu penso que alguns jeitos em mim já se foram, vem tempos em tempos o vestígio do mesmo espaço procurando lugar no meio-jeito de amar. A vida não é o que penso, embora eu seja somente aquilo que invento. Hoje tive meus lábios à escutar os teus atos.

Dia 23

A viajem começou depois do almoço e seguiria até o anoitecer. Eramos 4 dentro do carro, entre conversas, sentimentos e quietude, saimos do Paraná em direção à Santa Catarina, logo ali, um poco pra lá da divisa, chegariamos no Sítio e ficariamos por 2 dias isolados do que quer que move uma cidade. Estavamos os 4 felizes, mergulhados um no outro, sem perder de vista nossas própias ambições. A noite, de nuvens brancas cortando o asfalto, apontava o fim da viajem. Etramos em estrada de terra por mais 13km. Chegamos, entramos na casa decorada de flores, e então começou a chover.

Dia 24

Sabe aqueles dias que você se esforça para acordar, o olho pesa e você nem sabe pra que lado está a porta de tão profundo que o sono está. Tentei levantar cedo, o corpo não respondeu à favor e eu durmi até a hora do café. Hoje também foi dia de aprender violão, e esse foi meu quarto professor, ele tem 10 anos e me ensinou a tocar 'Segredos' do Frejat. Também hoje conversamos sobre o ser humano e a sua independência nas atividades básicas da vida, como fazer a própria comida, limpar o que se suja, lavar a própria roupa, ganhar dinheiro sem delegar nada a ninguém. Houve acordos, controvérsias que giravam em torno da cultura e das características pessoais como motivadora das ações feitas diretas ou indiretamente. Depois do baralho, cada um contou seu tempo no casúlo do seu coração.

Dia 25

Vivi de novo a fase entre o antes e o depois. Hoje fui ser adulta. Meu comportamento de pernas cruzadas deixaram meus pensamentos tremidos. Era precoce, e eu falava à eles da minha fórmula de criar o mundo, e era tardio, pois que bastava uma expressão alheia mal redigida para provocar o seio do meu eu. Hoje foi difícil validar o coração.

Dia 26

Tem festa na cidade de Marechal Rondon\Pr e eu passo as horas em casa, entretida, de volta ao futuro. No filme, na pizza, saia de cetim, no retorno breve ao Brasil, no sonho que eu era.

Dia 27

Tantas coisas que tenho-temos vontade de transformar, sem nem ser necessário. Mas a gente vive querendo melhorar e as vezes acerta e noutras acerta também, ainda que no caminho pra isso acontecer, existe o velho amigo tempo. Rondon ainda está em festa, gente antiga, quase mitológica me dizendo 'Bom dia'. Hoje percebi que não-simples terei alguém ao meu lado na cama, embora guardo sempre um travesseiro de estrelas. Foi um dia preenchido e alguns mortos desenterrei, mortos que estavam em mim.

Dia 28

Aqui, quando tem festa o município todo se agita, madam matar um boi para cada ano da cidade crescida. Desta vez foram 52 matados, temperados, assados, comidos por quem quisera isto festejar, nestas festas compartilham-se também a tal 'política da boa vizinhança'. Eu apareci por lá, e pela política comi uns quatro bois. Por aqui nçao existe nada do que é meu, foi por isso que eu vim, pra re-criar o que em mim existiu.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.

                                                                         Photo by Daniele Eckstein

 Dia 15

Amanheceu chuvoso me trayendo vontade de passar o dia lendo, estudando, re-montando pensamentos, conceitos psicológicos. Neste dia lembrei que poderia ganhar dinheiro depois de investir 7 anos na mesma tecla. Também pensei que poderia ganhar dinheiro usando outra técnica. E o foco era dinheiro, mas antes do dinheiro, havia a idéia do dinheiro, e antes da idéia do dinheiro, a idéia da libertação.

Dia 16

A familia. Uma curta viajem, todos conversavam, embora palavras não fossem ouvidas. Um ou outro comentária em voz alta e de repente um medo, talvez antes nunca sentido, medo de ser guiada por outras mãos que não meus olhos. Um paralelo entre o real e o abstrato, e a certeza de que minha estrada corta outra rodovia. Há anos de encontros e eu não tinha notado, ela era gaga. Minha vó era gaga.

Dia 17

O que eu penso acontece. O que acontece existe. Todo o meu mundo eu distraio e acordo neleo que quer que me traga verdade. Hoje foi um dia que o coração bateu apressado, desconfiado, medroso, como ele fica as vezes nas rodas de gente igual a gente. Fiquei assistindo em silêncio e o tremor me fez ir cedo pra cama. Dormi em cima das notas do piano. Chopin: Notturno op. 9

Dia 18

Dia de paz, de escrever homenagens, fazer almoço, lembrar de uma vida em outra era...De fazer yoga, escutas as sonatas de Bethoven, traçar a vida em viajens, ter conversas sobre começar outra faculdade. Dia de fazer as unhas, sentir aquela sensação antiga de que estou indo embora de vez. Sensação que alivia em balança de um só peso.

Dia 19

Festa, poesia, postura de gente fina, salto alto, tipo de mulher, pensamento de menina, na obsessão de idéia legeira, rasante penetrando o hoje no amanhã.

Dia 20

Dia de gente, de sentir na pele que se vive muito antes que o pensamento consegue alcançar. Foi estranho sair das idéias, do resgardo, para aterrar, socializar. Dormi na manhã do outro dia, porque deu vontade de prolongar a festa. a festa que fez meus irmãos marcar novo passo. No fim da noite, poucos de nós, conversavamos sobre a vida e nossa forma de atuar nela. Um violão, um trago, um abraço amigo.

Dia 21

As horas seguiram lembranças de ontem, o sono atrasado e as pessoas continuavam falando dentro da minhha cabeça, enquanto eu esperava silêncio.