Eu estava imersa em tamanho estranhamento e caminhava na mesma rua de um lado para o outro sem nem perceber os movimentos. A cidade agitada: uma cirene, uma buzina, meu corpo sofrendo os sete pecados - o coração no Brasil. Procurava quase desesperadamente um rosto que tivesse qualquer traço parecido. Queria tanto falar, mas ninguém teria o desprendimento de olhar nos olhos de uma desconhecida e arriscar o encontro, nem mesmo eu. Eu estava muito dispersa e o sonho de Budapest agora parecia o avesso. Suspeitei: a vida pode ser muito vazia, solitária e sem grandes magias. Respeitei o quadro.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
domingo, 7 de outubro de 2012
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Dia 58
" Vai meu irmão, pega esse avião..." E toda vez que eu decido, aquele de tão antigo, quase amigo,
o bicho papão, ele se derrete, se desmancha todo apontando o próximo martírio, aplaudindo o que já foi.
" A vida é luta reinhida que as fracos abate e aos fortes só faz exaltar, viver é lutar." Gonçalves Dias
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Dia tal...
Tem coisas que morreram mas se esqueceram de ir embora de mim.
Há lugares que não mais me pertecem, tidos em antigos baús,
remendam meus destinos na cor de outros vestidos.
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Dia 39, 40,41,42,43,44,45,46,47....
Florianópolis nasceu, cresceu, viveu, tanto que esqueceu de contar!
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Dia 36, trinta e sete, 38.
Tem certas vezes que viajar é esquecer, é nem lembrar de notar,
de escolher um querer, é esvair-se nas horas, acontecer.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Dia 29
Minha vida em cada casa.
Dia 30
Meus dias tem sido jornais, correm folhas impressas nas notas que ouço tocar. Alguns encontros de agora merecem trajetórias continuas, tempo seguido na pausa, e eu querendo partir, e eu querendo ficar. Mas é que todo dia o sol se põe, a lua nasce e brilha no escuro, e o fim acontece em todo movimento. Saber o nome do fim, esse é meu intento e assim foi indo, seguindo e quanto mais intimo o encontro, o calor da troca, mais infemo o segredo do fim. Sou eu que penso o fim ou o fim acontece no prelúdio do gozo? Deixei Maringá há algumas horas atrás e vim ter comigo outra noite de amor. Por um instante não resisti, quis acordar na noite anterior e comeceia criar um novo fim na vontade de voltar.
Dia 31
Cheguei em Rondon. Chegar me fascina, quando chego realizo o fim da viajem. Em Maringá fez calor, friozinho à noite, teve dia de estudo, de relembrar psicologia, se embriagar em filosofias pela madrugada, viver. No caminho da volta parei para conhecer Cascavel , cidade que já visitei zilhões de vezes, mas nunca à quis saber de perto. Capital do Oeste do Paraná, 5º cidade mais populosa do estado, habitada por indios em mil quinhentos e bolinha. Chegar em Cascavel como viajante fez toda diferença.
Dia 32
Acordei para pensar sobre sonhos, escrever e elaborar minha fala na reunião de um grupo de mulheres desta pequena cidade que estou, Rondon.
Dia 33
Dia de organizar, ajeitar a vida de passo à passo. Pasta de música, albúns separados, sons retomados. Fotos também remanejadas, viajens, pessoas, lugares. Muita coisa deletada e a alma quase lavada.
Dia 34
Tantos jeitos de fazer acontecer...Todos com direito de assim permanecer. Entre uma cidade e outra o vento do sul ao norte-leste, o sotaque, e no povo a sombra do fortalecimento. Ceará. Água de côco aqui é mais doce que sul do país.
Dia 35
O medo do afastamento, a escolha do próprio horizonte, tratada, sentida, moldada. O caminho do desejo, do desejo que eu desejo me realizando em perspectiva. Hoje decidi. A pauta da conversa: evolução, tecnologia, tempo, desenvolvimento. Sentindo-me ligeiramente atrasada com qualquer coisa que venha depois do modernismo, comuniquei aos meus pais que eu queria seguir, que já me via longe, tão perto de partir e que em poucos anos eu seria novamente outra nova Daniele, desfrutando sabores, desejos, dores e tormentos que nem ouso adivinhar o gosto agora. A gente conversou sobre a vida. Gosto de conversar sobre a vida, mas quando é que eu tenho outro tema que realmente interessa?
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Quando
eu penso que alguns jeitos em mim já se foram, vem tempos em tempos o
vestígio do mesmo espaço procurando lugar no meio-jeito de amar. A vida
não é o que penso, embora eu seja somente aquilo que invento. Hoje tive
meus lábios à escutar os teus atos.
Dia 23
A
viajem começou depois do almoço e seguiria até o anoitecer. Eramos 4
dentro do carro, entre conversas, sentimentos e quietude, saimos do
Paraná em direção à Santa Catarina, logo ali, um poco pra lá da divisa,
chegariamos no Sítio e ficariamos por 2 dias isolados do que quer que
move uma cidade. Estavamos os 4 felizes, mergulhados um no outro, sem
perder de vista nossas própias ambições. A noite, de nuvens brancas
cortando o asfalto, apontava o fim da viajem. Etramos em estrada de
terra por mais 13km. Chegamos, entramos na casa decorada de flores, e
então começou a chover.
Dia 24
Sabe aqueles dias que você se esforça para acordar, o olho pesa e você nem sabe pra que lado está a porta de tão profundo que o sono está. Tentei levantar cedo, o corpo não respondeu à favor e eu durmi até a hora do café. Hoje também foi dia de aprender violão, e esse foi meu quarto professor, ele tem 10 anos e me ensinou a tocar 'Segredos' do Frejat. Também hoje conversamos sobre o ser humano e a sua independência nas atividades básicas da vida, como fazer a própria comida, limpar o que se suja, lavar a própria roupa, ganhar dinheiro sem delegar nada a ninguém. Houve acordos, controvérsias que giravam em torno da cultura e das características pessoais como motivadora das ações feitas diretas ou indiretamente. Depois do baralho, cada um contou seu tempo no casúlo do seu coração.
Dia 25
Vivi de novo a fase entre o antes e o depois. Hoje fui ser adulta. Meu comportamento de pernas cruzadas deixaram meus pensamentos tremidos. Era precoce, e eu falava à eles da minha fórmula de criar o mundo, e era tardio, pois que bastava uma expressão alheia mal redigida para provocar o seio do meu eu. Hoje foi difícil validar o coração.
Dia 26
Tem festa na cidade de Marechal Rondon\Pr e eu passo as horas em casa, entretida, de volta ao futuro. No filme, na pizza, saia de cetim, no retorno breve ao Brasil, no sonho que eu era.
Dia 27
Tantas coisas que tenho-temos vontade de transformar, sem nem ser necessário. Mas a gente vive querendo melhorar e as vezes acerta e noutras acerta também, ainda que no caminho pra isso acontecer, existe o velho amigo tempo. Rondon ainda está em festa, gente antiga, quase mitológica me dizendo 'Bom dia'. Hoje percebi que não-simples terei alguém ao meu lado na cama, embora guardo sempre um travesseiro de estrelas. Foi um dia preenchido e alguns mortos desenterrei, mortos que estavam em mim.
Dia 28
Aqui, quando tem festa o município todo se agita, madam matar um boi para cada ano da cidade crescida. Desta vez foram 52 matados, temperados, assados, comidos por quem quisera isto festejar, nestas festas compartilham-se também a tal 'política da boa vizinhança'. Eu apareci por lá, e pela política comi uns quatro bois. Por aqui nçao existe nada do que é meu, foi por isso que eu vim, pra re-criar o que em mim existiu.
Sabe aqueles dias que você se esforça para acordar, o olho pesa e você nem sabe pra que lado está a porta de tão profundo que o sono está. Tentei levantar cedo, o corpo não respondeu à favor e eu durmi até a hora do café. Hoje também foi dia de aprender violão, e esse foi meu quarto professor, ele tem 10 anos e me ensinou a tocar 'Segredos' do Frejat. Também hoje conversamos sobre o ser humano e a sua independência nas atividades básicas da vida, como fazer a própria comida, limpar o que se suja, lavar a própria roupa, ganhar dinheiro sem delegar nada a ninguém. Houve acordos, controvérsias que giravam em torno da cultura e das características pessoais como motivadora das ações feitas diretas ou indiretamente. Depois do baralho, cada um contou seu tempo no casúlo do seu coração.
Dia 25
Vivi de novo a fase entre o antes e o depois. Hoje fui ser adulta. Meu comportamento de pernas cruzadas deixaram meus pensamentos tremidos. Era precoce, e eu falava à eles da minha fórmula de criar o mundo, e era tardio, pois que bastava uma expressão alheia mal redigida para provocar o seio do meu eu. Hoje foi difícil validar o coração.
Dia 26
Tem festa na cidade de Marechal Rondon\Pr e eu passo as horas em casa, entretida, de volta ao futuro. No filme, na pizza, saia de cetim, no retorno breve ao Brasil, no sonho que eu era.
Dia 27
Tantas coisas que tenho-temos vontade de transformar, sem nem ser necessário. Mas a gente vive querendo melhorar e as vezes acerta e noutras acerta também, ainda que no caminho pra isso acontecer, existe o velho amigo tempo. Rondon ainda está em festa, gente antiga, quase mitológica me dizendo 'Bom dia'. Hoje percebi que não-simples terei alguém ao meu lado na cama, embora guardo sempre um travesseiro de estrelas. Foi um dia preenchido e alguns mortos desenterrei, mortos que estavam em mim.
Dia 28
Aqui, quando tem festa o município todo se agita, madam matar um boi para cada ano da cidade crescida. Desta vez foram 52 matados, temperados, assados, comidos por quem quisera isto festejar, nestas festas compartilham-se também a tal 'política da boa vizinhança'. Eu apareci por lá, e pela política comi uns quatro bois. Por aqui nçao existe nada do que é meu, foi por isso que eu vim, pra re-criar o que em mim existiu.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Amanheceu chuvoso me trayendo vontade de passar o dia lendo, estudando, re-montando pensamentos, conceitos psicológicos. Neste dia lembrei que poderia ganhar dinheiro depois de investir 7 anos na mesma tecla. Também pensei que poderia ganhar dinheiro usando outra técnica. E o foco era dinheiro, mas antes do dinheiro, havia a idéia do dinheiro, e antes da idéia do dinheiro, a idéia da libertação.
Dia 16
A familia. Uma curta viajem, todos conversavam, embora palavras não fossem ouvidas. Um ou outro comentária em voz alta e de repente um medo, talvez antes nunca sentido, medo de ser guiada por outras mãos que não meus olhos. Um paralelo entre o real e o abstrato, e a certeza de que minha estrada corta outra rodovia. Há anos de encontros e eu não tinha notado, ela era gaga. Minha vó era gaga.
Dia 17
O que eu penso acontece. O que acontece existe. Todo o meu mundo eu distraio e acordo neleo que quer que me traga verdade. Hoje foi um dia que o coração bateu apressado, desconfiado, medroso, como ele fica as vezes nas rodas de gente igual a gente. Fiquei assistindo em silêncio e o tremor me fez ir cedo pra cama. Dormi em cima das notas do piano. Chopin: Notturno op. 9
Dia 18
Dia de paz, de escrever homenagens, fazer almoço, lembrar de uma vida em outra era...De fazer yoga, escutas as sonatas de Bethoven, traçar a vida em viajens, ter conversas sobre começar outra faculdade. Dia de fazer as unhas, sentir aquela sensação antiga de que estou indo embora de vez. Sensação que alivia em balança de um só peso.
Dia 19
Festa, poesia, postura de gente fina, salto alto, tipo de mulher, pensamento de menina, na obsessão de idéia legeira, rasante penetrando o hoje no amanhã.
Dia 20
Dia de gente, de sentir na pele que se vive muito antes que o pensamento consegue alcançar. Foi estranho sair das idéias, do resgardo, para aterrar, socializar. Dormi na manhã do outro dia, porque deu vontade de prolongar a festa. a festa que fez meus irmãos marcar novo passo. No fim da noite, poucos de nós, conversavamos sobre a vida e nossa forma de atuar nela. Um violão, um trago, um abraço amigo.
Dia 21
As horas seguiram lembranças de ontem, o sono atrasado e as pessoas continuavam falando dentro da minhha cabeça, enquanto eu esperava silêncio.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Dia 8
Um boneca apareceu fez-me ser humano e o dia todo amanheceu. Hoje fiz fotos, toquei violão, briquei, amei, senti saudades daquilo que ainda não se foi. Reconheci limites, aceitei o tempo do meu passo seguir. Meus dias no Rio chegaram ao fim.
Dia 9
O vôo da cidade maravilhosa até as cataratas dos Iguaçu me custou um tanto de adrenalina e umas cifras imprevistas arrancadas do terceiro bolso da calça. Entre o limiar de estar quase tranquila e nervosa, percebi-me atuando com jeito de quem se diz preocupado pra ver se consegue atenção ligeira das pessoas, quase como um apelo, tocando o outro pelo desespero. Até porque seria estranho estar prestes a perder o vôo e continuar caminhando macio. Cheguei hoje de surpresa na casa dos meus pais. Minha mãe numa espécie de desespero e alegria gritava: minha filha! Meu pai chorava. E eu escutava meus pensamentos em uníssono no coração acelerado. Dormi
Dia 10
Voltei a ter pensamentos, os mesmos de quando eu morava na casa dos meus pais. Pensamentos de morte, de medo e sofrimentos. Pensamentos da criança que fui, que ocupavam minhas horas e me deixavam semanas na mesma página do livro.
Dia 11
Dia de paz, de longos vôos em meus sonhos internos, tão externos quanto amanha chegar. Hoje voltei a meditar, em dias de férias é doce dormir. Decidi recomeçar, cozinhar, amar o meu futuro marido, transformar.
Dia 12
Passei o dia em casa, como gostova de fazer quando criança. Sem compromissos, só vontade de me sentir com tempo livre e curtir a preguiça deitada nas horas do dia. Depois de exausto o corpo, de tão pouco fazer, sai à caminhar pelas ruas e quando chegou a noite a casa encheu de pessoas e o descompasso invadiu meu querer-fazer. É nesses momentos que esqueço o que fazer com as mãos.
Dia 13
Só acordei pra passear com as crianças, senti-me responsável e velha. Depois fui almoçar com toda familia e de novo o descompasso que nem sei nominar. Falei e escutei, tentei entender e voltei pra casa certa da importância da solitude para manter a saudável e necessária distnacia entre o eu e o outro, através do qual desabrocha-se o amor.
Dia 14
Há tempos na vivia domingos como esse de hoje. Domingo de família, domingo de churrasco, domingo de sentir o cansaço no corpo, por passar horas digerindo a comida do almoço. Durmir no meio da tarde, no meio da sala, camuflando pensamentos, esperando o tempo passar. Domingos de vazio, de tão cheios terem sido vividos. Domingos de hábitos que não são mais meus.
terça-feira, 31 de julho de 2012
Brasil: 59 Noites, relatos em domingos.
Dia 1
Hoje minhas idas por terra nacional fazem vida nestas horas. Nem me sabia tão destrambelhada, era medo de perder o tempo, o vôo, excitação de encontrar os sonhos, corpo tensionado, coração ora trancado, ora exaltado, como se estivesse por entre as mãos apertado. Pensei mesmo ter eu encontrada.
Dia 2
Sono recuperado, e certeza de mais um dia vivido com sol do Rio me levando à crer que só se vive o que quer. Chegada: Rio de Janeiro/Brasil
Dia 3
Mala pronta, levando somente o que o peso suportar encontrar. Um pão e um café daqueles de beira de estrada, onde o preço de um vem embutido no outro: compra um, ganha o outro por um preço irrisório. Hoje, coração teve dia de paz e os pensamentos do mundo, assim, correram por trás. Destino: Paraty/RJ
Notas do Dia 3: Pessoas falam, a música faz o som das vozes e o baixo é as ondas do mar. A paz lentamente deu espaço prum isolamento de ser carente, de fim de noite, de fim de noite, estranhamento de escutar a voz ecoando pra dentro, de não encontrar parentesco.
Dia 4
Jeito de acordar atravessado, o pensamento atrapalhava o corpo exagerado. Todos eles me estranhavam, e eu os via sem medo e perguntava aonde estava minha tribo? Fui a praia, tomei meu primeiro mergulho de mar depois de morrer estrangeira no Rio de Janeiro. Meu andar solitário marcava a ausência de espaço entre eu e o mar.
Dia 5
Abri os olhos. Reconheci horas escondidas em devaneios mentais. Comecei novamente, desta vez cedo caminhei por entre ruelas desnuda de gente, e eu me senti querendo revê-las. Decidi uma salada com suco de manga, pra fazer a saudade desta vida tropical. Uma faísca no lado esquerdo do peito me querendo nominar o outro, uma sutil faísca e a tentativa da desistência do grito.
Dia 6
Deixei Paraty/RJ com vontade de pra sempre ficar. Cheguei no Rio feito só ansiedade pra ver meu irmão surpreso com minha visita. O abraço foi de quatro estações. Ele sorriu. Eu estranhei,pois era como se eu tivesse o visto bem ontem, tão cheio que já estava em meus pensamentos, organizando o encontro. Fomos os três para a conhecida padaria Colombo fundada em 1894, e reconhecida Patrimonio Artístico e Cultural do Rio de Janeiro.
Dia 7
Hoje foi dia de vida no Rio, choveu o dia todo, aprendi que a gente leva anos para desvendar pequenos mistérios e que ensinar parece ser a atividade mais elevada e honrada que um ser humano pode se propor à fazer na vida. Aprendi que sim, disciplina é liberdade, e que a vida acontece no tempo do compasso agora. Sem nem precisar fazer, deixar acontecer, como se na espera infinita de um canto de ontem o corpo deixasse de existir e levasse o ser à sentir.
Dia 2
Sono recuperado, e certeza de mais um dia vivido com sol do Rio me levando à crer que só se vive o que quer. Chegada: Rio de Janeiro/Brasil
Dia 3
Mala pronta, levando somente o que o peso suportar encontrar. Um pão e um café daqueles de beira de estrada, onde o preço de um vem embutido no outro: compra um, ganha o outro por um preço irrisório. Hoje, coração teve dia de paz e os pensamentos do mundo, assim, correram por trás. Destino: Paraty/RJ
Notas do Dia 3: Pessoas falam, a música faz o som das vozes e o baixo é as ondas do mar. A paz lentamente deu espaço prum isolamento de ser carente, de fim de noite, de fim de noite, estranhamento de escutar a voz ecoando pra dentro, de não encontrar parentesco.
Dia 4
Jeito de acordar atravessado, o pensamento atrapalhava o corpo exagerado. Todos eles me estranhavam, e eu os via sem medo e perguntava aonde estava minha tribo? Fui a praia, tomei meu primeiro mergulho de mar depois de morrer estrangeira no Rio de Janeiro. Meu andar solitário marcava a ausência de espaço entre eu e o mar.
Dia 5
Abri os olhos. Reconheci horas escondidas em devaneios mentais. Comecei novamente, desta vez cedo caminhei por entre ruelas desnuda de gente, e eu me senti querendo revê-las. Decidi uma salada com suco de manga, pra fazer a saudade desta vida tropical. Uma faísca no lado esquerdo do peito me querendo nominar o outro, uma sutil faísca e a tentativa da desistência do grito.
Dia 6
Deixei Paraty/RJ com vontade de pra sempre ficar. Cheguei no Rio feito só ansiedade pra ver meu irmão surpreso com minha visita. O abraço foi de quatro estações. Ele sorriu. Eu estranhei,pois era como se eu tivesse o visto bem ontem, tão cheio que já estava em meus pensamentos, organizando o encontro. Fomos os três para a conhecida padaria Colombo fundada em 1894, e reconhecida Patrimonio Artístico e Cultural do Rio de Janeiro.
Dia 7
Hoje foi dia de vida no Rio, choveu o dia todo, aprendi que a gente leva anos para desvendar pequenos mistérios e que ensinar parece ser a atividade mais elevada e honrada que um ser humano pode se propor à fazer na vida. Aprendi que sim, disciplina é liberdade, e que a vida acontece no tempo do compasso agora. Sem nem precisar fazer, deixar acontecer, como se na espera infinita de um canto de ontem o corpo deixasse de existir e levasse o ser à sentir.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Lá na França...
Lá na França é sempre acalanto, lugar de resgate de encontro com gente que me ensina a viver, só porque faço deles singularidade de ser, quase como quando me devaneio por entre os cafés de Dublin vendo pessoas passar. Mas é que ver pessoas passar me traz outra intimidade e tantas vezes solitude. Lá não, lá é encontro coração, sem querer eu faço canção. E engraçado, as vezes eu fico querendo descobrir os pensamentos deles, noutras a respiração é natural, e a gente brinca de viver. Passei 4 dias com 4 seres, dois-a-dois e eu seguia...Ah, aquelas refeições, que já me esquecia, duravam 3 horas. Um garfo, uma fala, uma risada, uma escuta, o tempo era nosso e eu descobria um sem fim de lugares em mim. Foram dias numa casa de campo. Escutei música, meditei todas as manhas, comi sem pressa, com o cuidado de não vacilar, melhorei meu francês, li um livro de Stéphane Hassel em conversas com Dalai-Lama, sobre paz e direitos humanos, senti fome, e descobri novamente, que sim, isso é bom.
A primeira vez que a gente morre é.
A primeira vez que a gente morre é sofrido, a gente estranha é doído. É como entrar pela primeira vez no mar, mesma sabendo nadar, gostando de molhar o corpo só pra deixar o sol secar. Ainda assim, a gente entra devagarinho, molha um pé, depois o outro, sente a diferença de temperatura, vai caminhando pro fundo. Vem uma onda, bate e quebra no umbigo, a água desce e volta a ondular nas pernas, a gente dá mais um passo, segue pro fundo. Vem outra onda mais forte, agora quebra no peito, a gente arrepia a espinha e a água desce. O sal começa na pela a grudar, a gente respira, nem vê a onda passar. Nos derruba e acontece o primeiro gole de mar. Quando a gente morre é assim, sempre acontece o primeiro gole de mar, a gota que nomeia o sentido de amar. Mas a gente as vezes finge, morre sem saber, sem nem querer lembrar e esquece abraçar oque nos bate a porta nos chamando transformar.
sábado, 23 de junho de 2012
Mudando
Minha casa, meu mundo, um mapa na parede do quatro, moedas sinalizando o tempo da vida em dinheiro, minha liberdade quebrada. Uma caixa aqui outra ali, o violao esperando meus dedos, um susto, a meia-volta, e novamente o espaco indo embora de mim. Quase 1 ano e meio em terras brancas, distante do mesticismo brasileiro, de mulata, branco e indio, contente de ter deixado pra tras quem eu fui brasileira e feito surgir uma nova nacionalidade de mesmo nome em territorio estrangeiro. Sou transforma, "quem me viu, quem me ve", cheguei por aqui gravida de vida, pari uns tantos leoes, todos ferozes rugindo ternura em carne valente, um ou outro carente, descompassado feito o amigo da Dorothy, do Magico de Oz. Ah, minhas idas, tantas vezes bem-vindas me levaram a pagar pra ver outra Irlanda que verei em mim crescer. Sim, pois que dei a ela mais um ano do meu tempo meu lugar. Visto renovado, com data de fim em julho de 2013. Mas antes de julho de 2013 tenho um bocado de Brasil pra abracar. 'E estranho pensar que passarei minhas ferias no Brasil, ferias se passa no sul, no nordeste, mas quando se fala em Brasil, tem outra cara. Amigos meus que ja foram e voltaram, dizer parecerem turistas, estrangeiros, ainda que falando fluente o nosso cantado edioma. Ainda nao sei como serei brasileira no Brasil, confesso coracao ja anda sambando como se estivesse por la, tento aquieta-lo, mas o Cartola, o Vinicius, a Clara Nunes, o Joao Gilberto, o los hermanos, e ate' o Dazaranha fazem o som que percorre estas linhas...Eu vou, mas volto, pois que so' volto mesmo, "depois de me encontrar, vou por ai a procurar rir pra nao chorar" (Cartola). Ainda que voltarei pra ca sem casa, sem emprego, sem medo., pronta pra re-comecar o novo ciclo.
domingo, 3 de junho de 2012
Poeta
Quem me ver passar que me tenha em liberdade, pois que vivi sem ter idade. Sonhando com cada verdade encontrei meu coração desejando lealdade, eternamente seguindo, sem nenhuma saudade. E já nem tanto mais procuro quanto mais decido fazer minha verdade. Quem me ver passar que me tenha em igualdade, pois que bebi da mesma maldade. Encantando com mentiras minha própria sobriedade. E já não há mais tempo pra buscar o que outrora foi caminho, o tempo define no traço, o jeito de aconte-ser. Quem me ver passar que nos faça viver e siga no seu passo seu jeito de ser! O nosso destino.
Retrógrado: Berne- Suiça
Quando desci do trem, já me senti desconfortada sem reconhecer nas letras, palavras, tomei um rumo qualquer porque não sabia me orientar em alemão, e não tinha nada de francês ou inglês na parte Centro-Norte da Suíça. Na estação entrei no elevador que indicava alguma coisa parecido com Universidade e achei que ali seria um bom caminho, quando saio do elevador me deparo com o terraço de Berne de frente para as montanhas brancas. Parei. Iludibriada com a cena fiquei minutos a contemplar. Gente bonita de aparência calma, sem muita estravagância, mulheres de rosto nú, sorrisos discretos, valorizando intimidade. Passei duas horas neste grmanado, eu e Caio Abreu entre almoço, o "Ovo apunhalado" e um bom cochilo. Encantamento. Essa é a palavra que mais próximo chega do que vivi na capital da Suíça e o crescente desejo de ter o alemão como próximo idioma.
Retrógrado:Todo dia
Todo dia 10 é dia de nascer, um dia pra viver. Neste 10 de maio de 2012 me dei conta de que faz um ano que não volto pra casa, que já não sou a mesma casa, que não tomo banho de mar, que não sinto calor tropical, que não vejo quem amo. Me dei conta que sem querer-querendo me torno viajante, que no último 10 de maio estive no Norte da França, nascendo mais velha, um outro novo ano. E que no próximo dia 10 de maio estartei seguindo, passante num outro lugar. E então 10 de maio, já não é mais 10 de maio, é dia de domingo que a gente sai pra passear, re-ver amigos, familiares, desfrutar do tempo do jeito que a gente gosta. Agora 10 de maio não é uma vez por ano, é uma vez por semana, se não quase todo dia, porque dia de aniversário é dia de fazer o que a gente quer, mas é que de uns tempos pra cá, faço o que quero todos os dias, assim tenho sido parabenizada pelo calendário do tempo em mim dia sim dia não, até porque tem vezes que a gente se embrabesse com a gente mesmo e esquece que nasceu de novo, num belo dia. Feliz aniversário pra quem nasce todo dia.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Retrógrado: Genevé-Suiça
Alegria, Sentimento que re-soa em mim Genevé-Suiça. Um sol que fez calor em brisa mansa, cidade feita de passantes, indo e vindo comerciantes, gente um tanto quanto ocupada, de gentil aspereza, educados, sem dar ao vento sorrisos à toa. Envelheci na Suíça, em Genevé durmi e acordei poeta, andei de vestido curto, sandália e pés ao vento, regada de sol e cheiro d'àgua na beira do lago, inundada de vida no chafariz do gigante. Lá também conheci Leopoldo que tinha a minha cara. Passamos duas horas juntos no trem e não trocamos nenhuma palavra, salvo toda a conversa que os nossos olhares nos davam.
terça-feira, 22 de maio de 2012
"Estrada de fazer o sonho acontecer..." Milton Nascimento
Tenho percebido que sonhos acontecem de verdade, são como destinos no passo do sonhador, a cada sonho vivido o anuncio da morte no inicio da cor. Entre um sonho e outro, lembranças jorrando mistério e o medo de nem mesmo ter nascido, de me saber vagando desde os tempos do fim, de jamais ter vivido que não em sonho. O tempo vem-cido outro em mim, tudo parece já vivido e o medo de a vida ter mudado de nome arrepia meu sonho, o medo de não ter mais minhas lembranças, de vê-las escapando, sumindo de mim, de já não mais ser, sem nem mesmo saber. Há dias que escuto chamarem por mim, me querendo de volta, mas é que o grito vem de tão longe que eu não sei da voz a face e a lembrança permanece perdida. Me calo pra escutar mas não há caminho que me faça ficar.
"No meu dia de morrer, outra vida vai nascer." Milton Nascimento
...de novo me toma o querer de não-ser, a vontade de ter pessoas sem intimidade, apenas encontros-verdades, espaços entre ser e acontecer, poucas palavras, simples adeus, ponto mutuo entre eu e deus. Não mais do que um breve viver, tanto só quanto um novo morrer, quero de novo o estranhamento de olhar teus e não saber pensar, irmesa em tantos jeitos de te ver apresentar, agraciar, se embaraçar e manter no tato o meu ato de amar. (photo by Rafael Eckstein)
terça-feira, 1 de maio de 2012
Choveu lá fora o dia todo eu passei minhas horas em casa, como de costume no domingo,. No quarto-refugio de pijama novo, sentada ao lado da janela com um livro em cada mão, sorrindo de brinco dourado e chimarrao ao lado. Agradecida por cada instante consciente que tive no dia de hoje. Ansiosa querendo aproveitar ao máximo...pedindo ao tempo que passe devagarinho que é pra dar tempo de fazer acontecer todos os sonhos e não esquecer do necessário. Hoje é dia primeiro de maio e a surpresa do Brasil chegou precoce? Não, chegou num dia perfeito de folga...de poder curtir do jeito que eu quisesse todos os presentes que me abraçavam cheios de sentimentos de cada um que lembrou de mim. Feliz, chorei! Achei o máximo o protetor de olhos..agora que passo as noites a observar as pessoas se embriagarem, estas que ajudam a pagar as minhas contas, troquei o dia pela noite..durmo numa claridade soh. Farei bom uso! Adorei a surpresa.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Inspiração

quinta-feira, 1 de março de 2012
rastros de primavera...
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Viagens: [H] Á vida em dia...
Que partem porque querem viver outros lares-encontros, porque querer construir outros sonhos-destinos, querem descobrir outros medos. Das pessoas, encontros de instante-olhar, de tempos de Bom dia atravessado, e outros que ficam inteiros em longas tarde de sol. Outros ainda, feito de pessoas que passam em nossas vidas no preciso pôr do sol, estas aparecem naturalmente, sem muito falar, sentam ao teu lado e te escutam silêncio. E há aquelas que passam as horas de sono contigo, estas são preciosas, te cuidam em segredo e te sentem sonhar.
Pessoas...
Viagens...
Encontros...
Quando pessoas passar pela vida que é nossa, por instante efêmero ou eterno que seja, não se pode ter medo de deixás-la partir, pois que é no momento mesmo da despedida, quando os tempos vividos fazem história em nossa casa, é que o coração, feito criança, descobre o amor, re-vive o amor. E a sensação de saudades que fica é o resumo do tempo bom que se foi. Tenho pra mim que o sentido da vida não está nas pessoas que amamos, mas nos sonhos que através delas realizamos. E não importa as circustancias em que pessoas aparecem em nossas vidas, ou como elas marcam você em suas vidas, o teu amor é uma verdade e te liberta pra seguir no tempo que a vida acontece, este é o presente de saber aproveitar.
Algumas delas decidem voltar, e estão sempre a ir e vir, outras aparecem de vem em quando, no fim de um ciclo, numa manhã de sol. Outras ainda partem pra sempre e enquanto se vive, não se sabe quem voltará amanhã, por isso que quando se vive, se vive de vez, toda vez, como se fosse pra sempre.
Pessoas...
Viagens...
Encontros...
Quando pessoas passar pela vida que é nossa, por instante efêmero ou eterno que seja, não se pode ter medo de deixás-la partir, pois que é no momento mesmo da despedida, quando os tempos vividos fazem história em nossa casa, é que o coração, feito criança, descobre o amor, re-vive o amor. E a sensação de saudades que fica é o resumo do tempo bom que se foi. Tenho pra mim que o sentido da vida não está nas pessoas que amamos, mas nos sonhos que através delas realizamos. E não importa as circustancias em que pessoas aparecem em nossas vidas, ou como elas marcam você em suas vidas, o teu amor é uma verdade e te liberta pra seguir no tempo que a vida acontece, este é o presente de saber aproveitar.
Algumas delas decidem voltar, e estão sempre a ir e vir, outras aparecem de vem em quando, no fim de um ciclo, numa manhã de sol. Outras ainda partem pra sempre e enquanto se vive, não se sabe quem voltará amanhã, por isso que quando se vive, se vive de vez, toda vez, como se fosse pra sempre.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Passeio pelo Jardim da Irlanda
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
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